16/06/2021 by Júlia dos Santos Fonseca

10 passos para o sucesso no controle estratégico dos carrapatos

Sanidade em bovinos

Carrapatos-1

Créditos da imagem: A Lavoura

O carrapato Rhipicephalus microplus (“carrapato-de-boi”) tem como hospedeiro definitivo os bovinos. Esse parasitismo causa danos diretos a esses animais, sendo os jovens os mais acometidos, com grande ingestão de sangue, estresse e inflamação no local da picada (mecanismos farmacológicos na saliva). Esses fatores levarão a perdas de produção de leite e baixo desempenho reprodutivo.

Entenda os prejuízos causados pelos carrapatos

Esse parasita leva a prejuízos estimados de US$ 3 bilhões anuais no Brasil. Além dos custos com o tratamento da Babesiose e Anaplasmose (transmitidas por esse carrapato), podendo superar US$ 18 bilhões/ano. 

Ciclo de vida dos carrapatos Rhipicephalus microplus

Esse carrapato alimenta-se exclusivamente de sangue. Seus estágios são: ovo, larva, ninfa e adulto e, seu ciclo evolutivo possui duas fases:

  • De vida livre ou não parasitária (no ambiente), na qual acontece a postura, com duração aproximada de 14 dias e a fase de eclosão, com duração de 15 a 25 dias. Inicia-se com o desprendimento da fêmea ingurgitada do hospedeiro e sua queda no solo até o momento da subida da primeira larva;
  • Fase parasitária e/ou reprodutiva (no animal), com duração de 19 a 23 dias, inicia-se quando a larva se fixa no animal. 

O controle deste carrapato no geral tem sido realizado de forma preventiva ou curativa em todo rebanho, porém, o uso indiscriminado de carrapaticidas tem levado a seleção dos carrapatos resistentes, o que se tornou um grande problema no seu controle. Além, da poluição ambiental, resíduos químicos nos alimentos e possibilidades de contaminação dos aplicadores do produto (MAPA, 2020).

Como controlar os carrapatos?

A seguir, encontram-se 10 passos para o sucesso no controle estratégico dos carrapatos de acordo com a EMBRAPA Gado de Leite:

1 – Usar o carrapaticida adequado: de acordo com o teste de sensibilidade dos carrapatos da propriedade aos carrapaticidas;

2 – Fazer quando os carrapatos tiverem em menor número: meses mais quentes ou secos, fazer 5 ou 6 banhos (intervalo de 21 dias);

3 – Siga a bula do produto: quanto a homogeneização, dosagem, período de carência e permissão para o uso em vacas em lactação;

4 – Proteja-se: usar EPI’S. Banhar os animais a favor do vento;

5 – Aplique corretamente: com o animal contido, no sentido contrário ao dos pelos, pressão adequada e em toda superfície corpórea. Evitar dias de chuva e horário com o sol forte;

6 – “Animais aspiradores”: animais recém tratados devem retornar às pastagens infestadas. Os carrapatos que subirem nesses animais serão mortos ao entrarem em contato e o restante será combatido no próximo banho;

7– Atenção com os mais infestados: devem ser identificados, observados e tratados com frequência;

8 – Avalie o carrapaticida: o teste de sensibilidade deve ser repetido anualmente e o carrapaticida deve ser trocado a cada 12 meses de acordo com o novo teste;

9 – Cuidado com animais vindos de fora: devem ser tratados no local de origem e isolados por 30 dias;

10 – Evitar infestações mistas: equinos e bovinos devem ser mantidos separados.

O uso correto do carrapaticida é crucial para o sucesso no combate ao carrapato dos bovinos de leite. Essas informações disponibilizadas pela Embrapa contribuem para um resultado mais efetivo. 

 

*Texto elaborado por Júlia dos Santos Fonseca. É Técnica em Agropecuária com competência em Bovinocultura de leite, formada pela FUNDAÇÃO ROGE (Academia do Leite). Médica Veterinária pela UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro). Desenvolveu atividades como bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq na área de Produção de Ruminantes, participou ativamente de experimentos com animais de produção e foi monitora da disciplina de Plantas Forrageiras. Foi integrante do grupo de estudos Beef Cattle e Liga em bovinocultura da UFRRJ-LiBovis. Foi aluna de Mobilidade Acadêmica Nacional na Universidade Federal de Lavras (UFLA). Possui Formação MDA na Escola de Gestão Agro+Lean. Atualmente, é mestranda no Programa de Pós Graduação em Medicina Veterinária (PPGMV) da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e parceira do Clube Leiteiro.



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