07/04/2021 by Rômulo Mendes Junior

Na criação de bezerros, prevenir também é melhor do que remediar

Criação de bezerras

Na criação de bezerros, prevenir também é melhor do que remediarQuando avaliamos os principais fatores de risco associados à ocorrência ou não de doenças em bezerros, podemos dividir estes fatores em dois grupos. De um lado, temos fatores relacionados à resistência dos bezerros, como a falha na transmissão de imunidade passiva (colostragem), o baixo status nutricional dos animais ou situações que possam causar estresse nos bezerros. A ocorrência destes fatores de risco, de forma isolada ou em conjunto, reduz a resistência dos animais favorecendo o desenvolvimento e aparecimento de doenças.

Por outro lado, temos um grupo de fatores que estão relacionados ao desafio a que estes animais estão ou estarão expostos. Quando falamos em desafio, falamos da intensidade com que a doença está presente no ambiente. Sabemos que quanto maior o desafio, maior o risco de os animais adoecerem. Estes fatores de risco incluem, por exemplo, as condições de higiene das instalações e do ambiente em geral, alta densidade de animais e a presença de parasitas.

Uma boa notícia, é que podemos atuar nos dois grupos de fatores de risco, ou seja, podemos intervir na resistência dos animais e no grau de desafio a que os animais serão ou estarão submetidos.

Os cuidados com os bezerros devem se iniciar antes mesmo do nascimento. Alguns pontos a serem observados são: o local onde os bezerros irão nascer, ou chamados por alguns de piquetes maternidade, a vermifugação e a vacinação da vaca no pré-parto.

Após o nascimento dos bezerros, a cura do umbigo com iodo e a colostragem são importantes pontos a serem observados.

É através do colostro que a vaca transfere toda resistência que adquiriu durante sua vida para o bezerro. O colostro é a primeira secreção eliminada pela glândula mamária da vaca logo após o parto, sendo rico em proteínas, devido a grande quantidade de anticorpos presentes. Os anticorpos são produzidos pela vaca mediante contato natural com o agente causador de alguma doença ou pela vacinação.

São considerados pontos chave da boa colostragem:

  • a quantidade de colostro ingerida pelo bezerro, o ideal deve ser em torno de 4 litros ou 10% do peso vivo;
  • o tempo, sendo que o colostro deve ser fornecido até 6 horas após o nascimento;
  • e a qualidade do colostro, que está relacionada à quantidade de anticorpos presente no colostro e a higiene no momento do fornecimento.

Dentre as principais doenças que acometem os bezerros, podemos destacar as infecções de umbigo, as doenças respiratórias (pneumonia), a tristeza parasitária bovina e as diarreias. Abordaremos neste artigo, alguns pontos importantes sobre as diarreias.

As diarreias infecciosas em bezerros, normalmente, são causadas pelos seguintes agentes: vírus, bactérias, protozoários e os vermes.

De uma maneira geral, as diarreias que acometem os bezerros, nos seus primeiros 15 dias de vida, podem ser devido a infecções virais, principalmente a coronavirose e a rotavirose, ou bacteriana, sendo a colibacilose, a mais importante.

A salmonelose também se destaca como uma importante causa bacteriana das diarreias em bezerros, acometendo os animais, normalmente, entre 2 semanas e 2 meses de vida.

As diarreias causadas pela eimeriose, ou a coccidiose, também tem grande importância devido aos prejuízos causados aos bezerros, afetando de forma significativa o desenvolvimento dos animais, sendo que, em muitos casos, os bezerros não apresentam os sinais caraterísticos da diarreia.

A coccidiose é uma doença que tem ampla ocorrência e causa maior impacto em animais jovens, podendo predispor a ocorrência de outras diarreias e afetar o ganho de peso, a capacidade reprodutiva e produtiva dos animais, inclusive na fase adulta.

Trata-se de uma doença multifatorial, ou seja, a sua manifestação clínica e a sua severidade varia de propriedade para propriedade dependendo da relação entre vários fatores, como: a idade dos animais, a nutrição, o estado imunitário, o manejo, a higiene, presença de fatores estressantes e a quantidade de oocistos, que podemos entender como sendo os ovos do agente presente no ambiente. Em resumo, quanto mais oocistos (ovos) no ambiente, maior o risco dos animais se contaminarem e maior a probabilidade dos sinais clínicos serem mais severos.

Os bezerros que apresentam diarreia causada pela coccidiose, normalmente, apresentam diarreia a partir de três semanas de vida, em função do período do ciclo do agente. Os sinais clínicos mais comuns são: diarreia com muco e sangue (curso negro), perda de apetite, atraso no crescimento, desidratação e casos severos podem levar a morte.

A diarreia, ou a doença clínica, mais severa, normalmente afeta a minoria dos animais. Na grande maioria dos casos, os animais não apresentam sinais clínicos evidentes, ou seja, possuem a doença na forma subclínica. Mas estes animais, normalmente, apresentam desempenho ou desenvolvimento insatisfatório. As lesões causadas pelo agente nas células intestinais dos bezerros provocam as diarreias e atrapalham a absorção dos nutrientes pelo intestino, atrapalhando assim, o ganho de peso destes animais.

Para o controle desta doença que muitas vezes passa despercebida, mas que é uma causa importante de ineficiência na criação de bezerros, podemos utilizar um produto a base de Toltrazurila, potente coccidicida, indicado para o tratamento e para prevenção das diarreias causadas pela coccidiose e suas consequências.

Em fazendas onde a coccidiose está presente, a Toltrazurila pode ser usada como uma importante aliada na redução do desafio a que os bezerros estarão sujeitos.

Quando administrado preventivamente, evita que a Eimeria se multiplique nas células intestinais, prevenindo com isto, a ocorrência de diarreia e de lesões nas células intestinais dos bezerros.

O uso preventivo da Toltrazurila reduz, significativamente, a quantidade de oocistos (ovos) eliminados pelos bezerros, reduzindo assim, o desafio a que os animais estarão expostos e contribuindo para o controle da doença.

Este princípio ativo  é uma excelente ferramenta no controle desta doença que pode causar desde prejuízos mais evidentes, como a morte de bezerros por diarreias severas (curso negro), até prejuízos que podem passar sem serem notados, como o atraso no desenvolvimento e desempenho dos bezerros.

Um estudo realizado por Veronesi et al (2013), mostrou que animais tratados com um produto ético a base de Toltrazurila, tiveram uma redução de 24 dias na idade média ao primeiro serviço (cobertura) e com uma taxa de gestação 10% superior aos animais que não receberam o produto. Outros parâmetros reprodutivos também sofreram alterações positivas em animais tratados, como taxa de gestação ao segundo serviço e número médio de serviços. Estes resultados mostram que os animais tratados preventivamente possuem um desempenho superior o que reflete não apenas em parâmetros produtivos como também, reprodutivos.

Tabela 1. Média e desvio padrão da idade, peso corporal e escore corporal no momento do primeiro serviço (Grupo Toltrazuril X Grupo Controle).

tabela 1

Tabela 2. Comparação qualitativa de fertilidade nos grupos (GTol X CG).

tabela 2 (Veronesi, et al, 2013)

*Texto elaborado por Rômulo Mendes Junior. É Médico Veterinário e Representante Técnico comercial na Elanco - Unidade de Negócios Ruminantes. Parceiro do Clube Leiteiro, acredita que o profissional que atua na área de vendas deva exercer uma busca constante do aprimoramento dos perfis técnico e comercial, de forma conjunta.

 

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